A dor que devora a alma solta-se do peito, irrompe na garganta faminta de ódio, solta-se, aguda, na voz do desespero!

A angústia e o medo, o terror talvez apenas de ser. A aflição que, maldita, sai mas fica sempre… negra, terrível, medonha!

Agonia, sofrimento, tudo num grito único, estridente, feroz… um grito de quem, despedaçado, nada mais pode ser que uma única e solitária mancha de dor.

E até o céu esmaga a alma em tons de desespero, tempestade impiedosa da revolta…

Manchas de tumulto, de atrozes sofrimentos, de vontades indómitas e reprimidas e todo um mundo que não serve, não apazigua esta revolta, não ilumina este ser atormentado, negro, horrível, disforme.

Um corpo e uma alma feitos em pedaços, apelando talvez a Infernos profundos porque de Deuses não pode vir bonança quando o desespero venceu…

Talvez lá longe, muito atrás de mim haja uma espécie de paz! Ou de morte, tanto faz! Talvez lá longe, muito longe, pudesse eu calar este grito e aplacar este tormento. Mas mais alto, mais forte, mais poderoso é o medo. Eu sou o terror de mim, o carrasco que lento e em risos sádicos aperta os grilhões do desespero. Não durmo, não sou, não falo, não vivo… grito! Desespero! Solto ao vento este grito de terror, este apelo último à fúria que resta!

E a vida… a vida é uma ponte insegura, trémula e frágil… uma ponte onde vagueiam seres indefinidos, ausentes, esses, os outros, o Inferno de Sartre, as sombras de Platão, as almas de Dante… os outros, esses seres errantes, malditos… fujam de mim, malditos!

Céus de dor e maldição, caiam sobre mim e devorem esta dor! Rios de lágrimas revoltas em tempestades de negrume, arrasem este desespero, mergulhem-me na paz dos Infernos, destruam estes, os outros, que vagueiam como ciprestes!

Texto de Zeus



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